Quando avanças para mim, na passadeira, mesmo um pouquinho que seja, mesmo que seja para experimentar, para veres o que sentes; eu vou sempre avançar de volta.
Mas por isso avança só quando tiveres a certeza, quando avaliares o teu risco, quando quiseres mesmo que eu avance.
Porque se não quiseres, se andares para trás depois e voltares ao passeio, eu vou ficar no meio da estrada sozinha, baralhada, à mercê dos carros que passam. E se for atropelada e cair no chão, a sangrar de um qualquer órgão dentro de mim, posso não conseguir voltar salva para o meu lado da rua. Posso não conseguir sarar bem. Posso tomar-lhe medo e nunca mais querer aventurar-me em passadeiras. E se um dia decidires voltar a chamar-me, eu vou-te dizer apenas adeus e vou continuar a andar, para o lado contrário. Porque não quero ser atropelada de novo. Senão um dia, com tanta ferida por dentro, morro de vez.
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