quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

São estes os meu desejos para 2009

Look at earth from outer space
Everyone must find a place
Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake

Give me strength, reserve, control
Give me heart and give me soul
Give me love, give us a kiss
Tell me your own politik

Open up your eyes Open up your eyes
Open up your eyes Open up your eyes

Give me one, cause one is best
And in confusion, confidence
Give me peace of mind and trust
And don't forget the rest of us

Give me strength, reserve, control
Give me heart and give me soul
Wounds that heal and cracks that fix
Tell me your own politik

Open up your eyes Open up your eyes
Open up your eyes Open up your eyes
Just open up your eyes

And give me love over, love over, love over this...
And give me love over, love over, love over this...

Politik - Coldplay



E já agora gostava de voltar a ver estes meninos ao vivo.
Ficam com um video do concerto no Festival de Glastonbury em 2005.

Ao menos isso

"Pela milésima vez, Luís Bernardo olhou para o amigo com admiração («não sei se actualmente a palavra amigo será a mais apropriada», dissera o outro). Sim, amigo era a palavra certa. Um amigo é alguém de cuja presença se gosta, por quem se tem admiração, em cuja companhia se aprende. Luís Bernardo admirava tudo em David: a sua capacidade de tirar sempre partido de qualquer situação, o prazer com que vivia a vida e tudo o que viesse, a calma e a determinação com que encaixava os golpes do destino e lhes fazia frente, a simplicidade linear do seu código moral de conduta, a sua absoluta ausência de angústia face ao esboroar do tempo, porque ele desconhecia em absoluto a noção de tempo perdido e cada dia de vida era para ele uma dádiva, que nenhum desgosto e nenhum revés poderiam toldar."

in Equador de Miguel Sousa Tavares

Aconselho. Pelo menos a ler. Sempre têm a certeza que, quando chegarem ao fim, o livro não vai a lado nenhum.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Só para saberem

Hoje estou mal disposta, intolerante e chateada.
Quem não gostar que mude de blog.

Noites

Deu voltas na cama sem conseguir adormecer de novo. Sentia-se vazia.
Fechou os olhos e veio-lhe à mente a imagem dele, que ela tão bem conhecia.
Gostava de ser como ele, de ver a vida com aquela esperança, com o optimismo que lhe era tão característico.
"Tudo se resolve, é preciso é ter calma" era o seu mote.
Ele, a pessoa mais ocupada à face da Terra e que mesmo assim arranjava sempre tempo para fazer mais qualquer coisa.
"O teu dia tem mais horas que o meu" costumava ela dizer-lhe.
Os olhos verdes expressivos dele riam-se enquanto dizia que sim com a cabeça em jeito de criança.
"É uma paz de alma, a personificação do estado zen" dizia a mãe dela.
E era verdade. A vida para ele era vivida ao ritmo dos acordes da guitarra, que tocava para ela ouvir. Sempre fora, sempre ocupado em trinta projectos, mas sempre com ela, com todos, em tudo. Era quase omnipresente. Tudo se faz, tudo se resolve. Mais uma música e um pôr do sol num miradouro.
Ela era o oposto. A agitação, o stress, o barulho, ria alto, falava alto, gesticulava. Vivia no caos mas o caos fazia-lhe confusão, duas tarefas ao mesmo tempo é impossível, para sair alguma coisa bem feita tem de ser sempre uma coisa a seguir à outra, ao mesmo tempo não. Os prazos, os horários, a vida dele e a dela, tudo a ser vivido a mil. E ele ao lado dela a andar a dez.
E ela bebia da calma dele. Gostava de ser como ele.
"Gostava de parar um dia" dizia ela.
"Se parar algum dia morro" dizia ele.
E ela admirava-o. A maneira como ele inspirava os momentos e retirava prazer no que fazia. Em tudo. E fazia-o bem. Com um olhar curioso, um coração maior que o peito, uma vontade de ferro. Os sonhos são feitos para se realizarem. E aqueles olhos verdes sonhavam e acreditavam e amavam. E ela sonhava com eles. E inspirava os momentos que os sonhos dele lhe traziam, as histórias que ele contava, as pessoas que ele guardava, o homem em que se tornava. E ela era feliz porque ao mesmo tempo que ele sonhava alto e longe, sonhava também com ela.
Mais uma volta na cama desconfortável. Para quê pensar nisto agora, já tudo foi dito, há mais sonhos para viver. Era nisso que tinha de canalizar as forças. Novas metas e objectivos. A vida dela não tinha deixado de ter significado. Ela lembrava-se que antes dele, ela tinha vida e sonhos. Parece tudo tão pouco. Os sonhos dele tornaram-se os seus, as histórias dele as suas. Ou a falta delas. Faltam histórias.
"Ainda não me mostraste fotografias" disse-lhe um dia.
"Ainda não as tenho" respondeu ele.
Gostava que tivesse durado mais. Valerá a pena pensar nisso outra vez? Criou-se um lugar no cantinho do coração que acabou por ficar vazio. Os sonhos dele deixaram marca e tudo o que resta é o vazio. Ficaram as recordações das pessoas, a vontade de ouvir as histórias, de partilhar. Viver por via indirecta também é viver. Se se sofre por outro, também se pode ser feliz. E ela sofreu e foi feliz. Agora ele continua a sonhar e ela sente-se sozinha.
"É o preço que pagas por te teres envolvido tanto" disse-lhe alguém num dia cinzento.
Lá fora está quase a nascer o dia. Vai ser outro dia cinzento. Tarde de chuva, a península inteira a chorar, diziam ontem à noite os GNR no mp3.
Guardou as lágrimas e enroscou-se mais na almofada. Amanhã é só mais um dia a ter de passar.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Evidências da vida

Há dias em que me apetece escrever. Houve uma altura, quando iniciei as minhas pisadas no mundo da blogosfera, em que achei que tinha imensa coisa para dizer. As ideias fervilhavam e escrever era uma espécie de catarse. Passar para escrito o que me ia na alma. Quando era mais nova nunca tive o hábito de escrever em diários. A minha irmã escrevinhava como se tivesse o objectivo de acabar um best seller. A mim soava-me a ridículo quando escrevia e depois relia. Sou muito perfeccionista, mesmo com a porcaria dos diários. "Que parvoíce pegada, que totozinha!" pensava eu à medida que lia e zás, lá iam as páginas cheias de tinta do caderninho com a borboleta e com a vaca amarela. Anos depois deixei mesmo de tentar. Diários não eram para mim. Contudo, em alturas mais frágeis, quando tinha um desgosto, ou pelo contrário, sentia-me a voar alto, lá agarrava no caderno, no guardanapo, na capa do livro de físico química e escrevia o relato das coisas. "Para mais tarde me lembrar" pensava eu. As mensagens do telemóvel, aquele encadeado de acontecimentos que foi tão importante e que com o passar do tempo corro o risco de esquecer. Está a salvo no papel. E o papel ia para a gaveta. Não escrevo em diários, isso é para meninas parvas que só pensam em penteados ou para a minha irmã que é uma croma. Eu gosto de jogar basquet com os grandes e quero ser Primeira Ministra. Não escrevo em diários, só anoto coisas para não me esquecer. Este anotar de coisas evoluiu para a necessidade das agendas. De repente era muita coisa a acontecer ao mesmo tempo e a cabeça a não acompanhar. A hora da reunião, o dia do médico, a aula extra, o telefone da outra senhora. Hoje não passo sem a agenda, pequenina, quase a passar despercebida, mas sempre anotada. Jantar, cinema, ligar à rapariga da Tuna do norte, entrega do trabalho, baldei-me e fui namorar. Porque não anoto só o futuro. Lá está a mania do papel que antes ia para a gaveta. Foi bom, não me quero esquecer, anoto. Foi neste dia, faz um mês, seis, um ano. Sou uma pessoa de datas e de aniversários. Gosto de ver o tempo passar.
Ora quando começei a ideia deste blog, achei que mulher evoluída é o futuro. Passei da agenda à blogosfera. O passado online. Não só um registo dos acontecimentos, mas também uma mensagem. Um input para o mundo by Sofia Paixão. Depressa essa febre desapareceu. O meu mundo começou a girar mais depressa que a minha escrita. Não havia tempo, nunca há. E a minha exigência nunca foi amiga das pressas. Se é para escrever é para ler e reler e apagar e escrever de novo. Era assim quando escrevia para mim, quanto mais se outros o forem ler. Então passei a escrever menos. Menos textos e menos longos, com menos conteúdo, menos interessantes, do ponto de vista da génese da ideia de criar um blog. Pequenas passagens, comentários, piadas. A música ajudava a transmitir mais do que haveria eventualmente tempo para escrever. Porque vivo com música. Não escrevo por palavras, mas está lá o estado de espírito. Mas escrever começou a cansar-me. Dava muito trabalho. Há pouco tempo disponível, há que gasta-lo a sentir. Depois conto como foi.
Mas há dias em que me apetece escrever. Ultimamente apetece-me. Deitar para fora o que me vive cá dentro, expulsar os sentimentos e acontecimentos, ordená-los, olhar de frente. Já não moram cá dentro, estão nas palavras. Conheço bem esta sensação, sempre o fiz e sentia-me bem. Mas nesta altura da minha vida deixei de ter em mim essa coragem analítica. A idade supostamente amadurece as pessoas. Aos 22 anos não quero expor, não quero mexer, não quero nem sequer pensar. Algo pesa muito dentro de mim, vivo enclausurada em momentos que necessitam de sair, necessitam de perspectiva, análise nua e crua e não consigo. E vou andando assim, pesada, os dias a passar e eu a sentir-me no mesmo sitio. É urgente encarar a vida de frente, encarar-me a mim, enfrentar o resto. Chegar à conclusão de que a vida é o que é, as pessoas são como são, and you can only do so much. Virar para o essencial. Gostava de ir à Índia e ao Tibete. Preciso de me ajudar a pensar. Preciso de tempo e espaço e esta loucura de vida que levo não ajuda. Se calhar era uma boa altura para me reconciliar com Deus, quem sabe. Preciso de mudança, mas tenho de ser eu a mudar. E demora. Tudo me parece na mesma, sou uma pessoa de hábitos, de entrega absoluta, de investimentos sem ponderação do risco. Dou tudo, amo sem pensar porquê e até quando. E saio sempre frustrada. Bato sempre com a cabeça, parto sempre o coração. Faria tudo de novo. Faço sempre. Mas desta vez doí mais. Sinto que me perdi, algures no meio dos meus sonhos. Não sei bem onde me encontrar. Onde é que está a catarse que tanto me faz falta? Tenho de acordar, mas estou numa de ser cobarde. Sei que vai doer. Acho que o problema tem a ver com a falta de rumo. Não tenho planos e não sei viver sem planos. Eu sou a mulher dos planos. Muito gozavas tu comigo. Agora não sei o que planear. Posso planear sequer? Como é que eu posso planear se não sei bem ainda onde estou. Muito menos para onde vou. Que confusão. Não tenho descanso enquanto não acreditar que tudo isto é real. Preciso de acordar e sentir. Mas não agora. Não há tempo, nem sanidade. Resta saber se haverá depois. Perdi parte de mim. Acho que se der em maluca também pouca gente iria notar. O que há por aí é gente louca. É isso e corações despedaçados.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aniversário

Hoje é dia de festa... cantam as nossas almas... prás meninas Caramelo e Chocolate.. uma salva de palmas... yeeeehhhh.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dezembro

Tenho uma Paixão por esta época.
Não sei explicar, mas quando o calendário aponta perto do dia 1 de Dezembro, parece que o ar muda. E desde que acordo, sempre desde que me lembro, no dia 1 de Dezembro, a única coisa que quero é ir abrir a porta da garagem (antigamente a tralha ficava na dispensa, mas vai tudo dar ao mesmo) e levar aqueles 3 caixotes para o meio da sala. Agora acrescento um passo, pegar na vassoura e limpar as teias de aranha, pois a minha garagem é todo um submundo de bichos nojentos, nhec. Adiante.
E aí, com aquilo tudo à minha frente, vitoriosa, volto a ter 10 anos. De robe e pijama a montar a árvore, a desembrulhar cada peça do Presépio e colocá-la com jeitinho no tampo da aparelhagem. Acender as velinhas, estratégicamente colocadas, de modo a iluminar a cena mágica que nos acompanha ano após ano, o Menino Jesus nas palhinhas deitado. Cerca de 30 anos de "peças" de Natal, já do tempo da minha mãe, todos os anos espalhadas pela casa. A árvore verdinha, docemente decorada com laços brancos, fita vermelha e bolas douradas. Velas por todo o lado. A lareira acesa. Um cheiro a bolos e doces. As prendas debaixo da árvore, bem juntinhas para parecerem mais, a aumentarem. As meias são da avó, os chocolates para a mãe, as pantufas para o pai.
Um espírito que me leva a anos que já passaram, ao tempo da inocência, do tempo de TER tempo.
Sempre pensei que gostava desta época porque faço anos quase no Natal. Mas percebi que afinal o que gosto é desta sensação de nao ter crescido, como se durante um mês o tempo voltasse para trás.
Fora do Natal detesto o Inverno. Sou uma pessoa que gosta do calor, do sol, dos dias grandes, das mangas curtas, de andar de chinelos o dia todo. Inverno é sinónimo de chapéu de chuva para todo o lado, três camisolas de lã e ainda ter frio, pés molhados, dias cinzentos, água até dizer chega. Odeio, estação mais estúpida, senhores!
Mas não em Dezembro. Durante um mês, até sensivelmente ao Dia De Reis, esta é a minha estação. Pois não há nada melhor do que olhar em volta, ver as ruas cheias de luz, as árvores com luzinhas a piscar, as montras cheias de cor, como se estivesse ainda a subir a minha antiga rua em Lisboa, depois das aulas, no caminho de casa. Agora, o percurso é diferente, há uma autoestrada pelo meio, mas a sensação é a mesma, assim que passo a ombreira da porta. E tudo por causa daquela árvore, montada sem falta no dia 1.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O sol nasce todos os dias

"And you probably don't want to hear tomorrow's another day
Well I promise you you'll see the sun again
And you're asking me why pain's the only way to happiness
And I promise you you'll see the sun again"

Dido - See the sun

ou pelo menos é o que diz o João.