quarta-feira, 21 de julho de 2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

50 graus à sombra

Olho para ela pelo espelho e noto que está diferente.
Com melhor cara, mais sorridente, mais leve, mais optimista. Até mais gordinha de pernas, já que era deprimente que em cada par de calças houvesse sempre lugar para duas.
Não se definiu ainda mas não se sente perdida, encara os dias com calma, voltou talvez ao estado zen que a caracterizou aquando daquela maratona de cadeiras para acabar o curso.
Perguntei-lhe no outro dia se era feliz.
Respondeu-me que ser feliz não era uma questão de ser, mas de estar. Um estado que se atinge em certas fases da vida. Os dias são vividos no limbo e oscilam entre o bem e o mau estar. Mas que a fase em que se encontra actualmente é boa. Está feliz.
Mas conseguiste ultrapassar tudo, voltaste ao teu antigo eu?
Sorriu para mim tranquila e confiante enquanto abanava a cabeça num não. Está diferente, é um facto. Mudou. Mas mudar era inevitável, não é o resultado de uma resolução de ano novo.
Mudou há 3 anos quando se descobriu em conjunto, voltou a mudar quando se perdeu sozinha e está constantemente em mudança enquanto se vai encontrando, durante uns tempos sozinha, hoje acompanhada. Hoje é a soma disso tudo e o futuro ainda está para se completar.
Mas está sem dúvida diferente. Inclino-me a perguntar porque é que aquelas portas estavam tão complicadas de abrir, parece que foi tudo tão de repente. Ela tem uma faceta impulsiva que me assusta. Responde-me segura de si que o problema não era não se conseguir abrir as portas, mas sim fechar algumas janelas.
Numa outra sala dizem-me que não foi um impulso. Foi um processo longo, o tempo que teve de ser. Ainda é. O tempo não cura tudo, pois nada se esquece. E a saudade é um sentimento alimentado pela memória. Mas ajuda a que o panorama fique mais leve. Consegue-se voltar a apostar, perdem-se medos e reganha-se paciência. Não se esquece o passado, mas projecta-se um novo futuro.
E mesmo agora, quando olho para ela, embevecida por uma nova antiga paixão, sei que constroi casas diferentes daquelas que constuía. Porque mudou de sonhos. Ainda pensa nos antigos, volta e meia. Mas se são melhores ou não, não quer saber. Interessa-lhe viver estes e sonhar muito mais.
Um dia escrevi a uma amiga que tentava lidar com a sua dor que ninguém gosta de sofrer. Sofre-se porque se sofre, porque se perdeu alguma coisa ou alguém que nos era querido. O sentimento é universal, mas a graduação é de cada um. Os dias não deixam de se suceder mesmo quando o céu está nublado. E não é por se desejar sol que as nuvens saem do céu. Nem por ser supostamente verão.
Mas mais nuvem, menos nuvem, o que interessa é a temperatura. Achar a de cada um que é diferente de todos os outros.
E ela encontrou uma que a equilibra o ambiente. E eu só lhe desejo que nunca mais volte a sentir frio no Inverno.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rectas finais

A minha querida amiga Patrícia licenciou-se. E a Andreia também.
E esta foi a notícia boa desta semana.
O orgulho é indescritível.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ando feliz

E hoje decidi vir deixar aqui isso registado.
É uma sensação tão estranha e tão rara nos meus últimos tempos, que sinto que quase devia conter-me de a expressar, não vá a coisa agoirar.
Mas acho que estou safa, toco em Madeira vezes suficientes para isso não acontecer.

Mudanças

O Gonçalo mudou de blog.
Escreve ele, que o antigo cheirava a mofo, mexia-lhe com as memórias, vários anos de histórias vividas e contadas. Quis mudar de vida, recomeçar de novo, do zero.
Cada um muda de página à sua maneira.
Eu dediquei-me a aprender a pintar por cima desta tela. Mas não posso negar que há cores que ainda me parecem estranhas criar, por causa da tinta cravada no fundo. Mas também, este blog nunca viu muita cor. O tom sempre foi meio negro (ou cor de burro quando foge, segundo a Filipa). O Gonçalo diria que me habituei a pintar a preto e branco. Talvez sejam essas as minhas cores, preto e branco, tudo ou nada.
Mas ultimamente ando a descobrir o amarelo. Porque me parece uma boa cor, cheira a sol e a verão, a óculos Ray Ban azuis e a calções de praia. Não vou apagar as cores que trago para trás, mas vou tentar que o padrão não destoe.
Porque apesar de me parecer até, ser uma ideia inteligente, acho que nunca devemos deitar nada fora definitivamente. Porque o que passou fez parte de nós, tocou-nos. E nesse blog do Gonçalo, já defunto, há lá, se não todos, pelo menos um post importante. Fala de tampos de mesa estragados, de amizades seguras e de inseguranças vividas. É a preto e branco e cheira a Lisboa. E para o proteger das intempéries do esquecimento, copiei-o e guardei-o comigo, como o guardo a ele.
Sinto que estou em falta para contigo, por isso este post é dedicado a ti. Porque a nossa amizade vem de antes do Facebook existir, quando ainda se contavam novidades ao sabor de um café, numa esplanada à porta do ISPA.