terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dezembro

Ora está quase a acabar a primeira leva de frequências deste semestre, que bem vistas as coisas e comparando com os meus anos de Técnico, até nem correram tão mal como normalmente correm. Sou pessoa de me sair terrivelmente mal nas frequências e safar-me mais ou menos em exame final. Mas mesmo assim, não foi desastroso.

Está também a acalmar o periodo de actuações em Tuna. Ora Lisboa (várias), Braga, Coimbra e Açores, este último fim de semana, deram cabo dos meus pés (sapatos apertados!), do meu traje, que precisa urgentemente de ser mandado limpar, das minhas horas de sono. Paciência.

Recebi a noticia que vou ter mais uma cadeira no plano curricular... essas "adições" aumentam o número de cadeiras que me faltam para acabar o curso, obrigada senhores do Técnico, fico muito agradada por gostarem assim tanto de mim que não me querem deixar ir embora. Mas os meus pais ficavam agradecidos se deixassem de pagar propina aos senhores. Sim, porque aquela organização é tão boa, que existe lá no site um sitiozinho todo catita onde cada aluno pode consultar quando já pagou à faculdade, entre propinas e outras coisas. E a minha "contribuição" já dava direito a uma estátuta. Assim de tamanho médio. Em mármore.

Soube também que tenho mais umas amigas "em estado de graça", os respectivos rebentos esperam-se para 2011. Deve estar na moda a procrição em 2010, nova tendência Outono-Inverno, mas como ando alheada não me dei conta, mas tudo bem, que venham com saúdinha é o que importa. E outra amiga acabou o curso, é sempre bom, claramente não anda no Técnico e ainda bem pois precisamos de gente sã e feliz neste mundo, mesmo que sejam psicólogos. Só deus sabe a quantidade de estudantes que precisam de ajuda mental.

A mana lá está noutro escritório, a trabalhar que nem doida, e amanhã enquanto eu gozo a greve geral em casa como qualquer estudante ela vai bulir, cada um tem o que merece ahaha.

E estamos a entrar no meu mês preferido, Dezembro, nada parcial, pois é o mês em que faço anos e é o Natal e come-se chocolate e enfeita-se a casa. É bom, ainda há dias estive na minha antiga rua, em Lisboa, e recordei com saudade os tempos em que ansiava por ligarem as luzes de Natal no topo das árvores e nos candeeiros. Toda a rua passava a ter um cheiro caracteristico a Inverno, a frio, e a luz. Lá estava, toda enfeitada, e soube bem descer a rua como fiz durante 12 anos... pelo menos até à parte em que vi um autocarro atropelar um puto na passadeira, estava tudo bem.

Gosto desta época... acidentes com autocarros à parte.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É bom ter quem nos acompanhe

Tenho-me vindo a confessar por escrito mais em privado, para mim própria, que publicamente. Tenho escrito muito, mas são confissões inconfessáveis e servem essencialmente para me aliviar os dias e para me transmitir perspectiva. Daí não escrever neste blog com tanta frequência, o que aliás tem sido o mote deste ano de 2010. É impressão minha ou foi um ano pouco blogoliterário?
E por isso peço desculpa a quem me costuma seguir.
A Isabel anda em exames e actuações e sei lá mais o quê, por isso também tem andado calada.
Vamos fazendo o que conseguimos para manter a actividade no blog, mas há fases em que temos de nos virar para nós.
Mesmo assim, volta e meia qualquer coisinha surge e espero que levem esses momentos como um pequeno presente.
Gosto de vocês (quem quer que vocês sejam).

Perdoar

Quando alguém nos magoa, a maior parte de nós considera que o passo a seguir é tentar esquecer.
Tentar apaziguar a dor, enfia-la dentro de um saquinho com uma data de pedras e deitá-la ao mar para ver se afunda e o coração alivia. Porque a dor corroí-nos as entranhas, tira-nos o equilíbrio e cega-nos de maneira que não conseguimos ver as coisas boas da vida, que se cruzam connosco todos os dias.
Há uns tempos atrás percebi que esse mecanismo de ultrapassagem das desilusões é rasteiro.
Um slipery-slow como dizem os americanos.
É muito fácil deixarmo-nos enganar por ele, pela face convidativa que ele transmite de que tudo fica encerrado lá longe, não se tem de lidar, não se tem de enfrentar, acabou.
Mas a verdade, é que as coisas só se ultrapassam se olhadas de frente e mais que esquecer, o que efectivamente encerra os assuntos é o perdão.
Perdoar é a nossa maior virtude.
Porque esquecer nunca se esquece verdadeiramente.
Mas perdoar é a maior virtude que o homem possui (se a souber utilizar), uma vez que tem o dom de transformar a memória (o maior handicap do homem) em páginas leves e irrelevantes do livro da nossa vida.
Mas exactamente por ser uma virtude, é de difícil alcance. Se fosse fácil não lhe seria dado tanta importância e valor. Chamam-lhe acto altruísta, mas quem vê altruísmo nisto, quase como uma concessão que se dá ao outro é porque olha de uma perspectiva errada.
O perdão é dos actos mais egoístas de todos. É egoísta no sentido em que decidimos travar o carro dos nossos sentimentos e inverter o sentido da marcha. Deixo de me afastar de ti e volto para ti. Ou de outra maneira, deixo de chocar contigo e volto a acompanhar-te lado a lado. E assim os eventos deixam de mexer connosco, a mágoa desaparece, a fúria esvai-se e a alma fica mais leve.
É egoísta porque transmite-nos maior bem estar que a dor provocada pela desilusão. E quem considera que a resignação e o esquecimento é que trazem os maiores benefícios está mais uma vez redondamente enganado. Quem perdoa pensa mais em si, no seu bem estar que no do outro. Porque consome mais energia não perdoar.
Obviamente isto só é verdade nos casos em que se estima ou estimou quem nos magoou e nos casos em que o objectivo é apaziguar uma actual relação crispada, que outrora foi serena. Nos outros casos não se aplica porque simplesmente ninguém quer saber de ninguém, é cá se fazem cá se pagam e siga a dança.
Mas voltando ao case-study: perdoar é uma virtude egoísta, no sentido em que nos poupa energia.
Em relação à outra parte pouco ou nada acresce, na medida em que o acto não desaparece, não nos ficam eternamente gratos pelo acto do perdão e uns dias depois tudo quase como se desvanece nas areias do tempo.
Ora tudo isto parece muito bonito, mas a dificuldade da virtude, o verdadeiro busillis, está no facto de que nem tudo é perdoável. E há que aceitar que estamos condenados a viver para sempre atormentados por certos actos praticados por certas pessoas, que simplesmente não conseguimos perdoar. E a desvantagem é somente nossa, na medida em que a vida dos outros corre exactamente da mesma maneira.
Leia-se que a impossibilidade de perdoar anda de braço dado com a inércia dos sujeitos candidatos ao perdão. Quem nada faz pouco consegue mudar. E o alvará do perdão fica permanentemente indeferido e a entidade que o passa fica para sempre com aquilo atravessado como um unfinished bussiness.Um - zero ganha quem feriu.
Mas pior são mesmo os casos em que há realmente acções em prol da conquista do perdão mas mesmo assim não há maneira de travar o carro. Aí o sofrimento é dividido, o resultado é um-um e um empate nos assuntos de corações desfeitos é sempre o pior resultado. Sofre quem não consegue perdoar, sofre quem não consegue o perdão.
Dizem que um desgosto partilhado é meio desgosto, mas nesse caso a partilha tem de ser por um terceiro, alguém que nos ampare a queda. Um desgosto partilhado com o alvo do desgosto dá dois e é um aumento de 100% de infelicidade no mundo. E para gente triste para basta a que existe.
Tantos anos depois começo a achar que não lhe consigo perdoar.
Resta saber se o sentimento vai ser partilhado ou não.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"I do!"

Cada vez acho mais que deveria haver na amizade o mesmo compromisso que existe nos casamentos.
As pessoas nas suas relações amorosas namoram uns tempos, conhecem-se e quando sentem que é para a vida decidem juntar os trapinhos e casam-se, ou então juntam-se mas com o objectivo "This is it".
Nas amizades as regras são muito menos definidas e em alguns casos a regra é a ausência de regras. São poucas as amizades para o bem e para o mal, na saúde e na doença, até sermos todos velhinhos e andarmos a juntar vodka no soro.
Há umas amizades que são só para as saídas e festas e jantares, outras que são só para as boleias, ou para quando é necessário emprestar alguma coisa, ou dar uma explicação.
E há também amizades que só parecem funcionar quando envolvem terceiras, quartas e quintas partes. São as chamadas amizades de grupo. Em teoria são muito interessantes, mas na prática cada vez mais as considero perigosas. Mas existem aos pontapés. Duas pessoas cuja relação só parece existir quando determinado grupo se junta, e que ao invés, falha na sua dualidade. Pessoas que não se juntam a dois, mas que se consideram amigas a 5. Discutivel esse conceito de amizade.
Dizem-me que tenho de começar a aceitar que certas amizades que fiz ao longo da vida não vão durar e que está tudo nos pequenos sinais. Não é mesmo difícil de perceber se uma pessoa fica feliz por nos ver. Temos é de andar de olhos abertos, o que na maior parte das vezes, não é o caso.
- "Aceitas ser meu amigo?" Sim ou sopas.