segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Porque efectivamente não me esqueci

No domingo telefonei a dois amigos que faziam anos.
Ambos estão agora mais afastados de mim, do que estavam há um ano, por circunstâncias da vida, mas ambos foram importantes à sua maneira, daí a lembrança do dia de anos.
Um ficou em êxtase por falar comigo. Dissemos piadas, prometemos encontro, lançámos gargalhadas. Mostrámos sem precisar de falar, que a amizade é uma coisa simples, verdadeira. Que quando se entra cá dentro ganha-se um espaço vitalício no coração, que pode não ser visitado por muito tempo, mas que se mantém lá. E quando as duas pessoas se cruzam é como se o tempo não passasse.
Porque a amizade não é uma coisa complicada, pelo contrário deve ser fluída, sobreviver às intempéries da vida, aos afastamentos comuns do quotidiano, às mudanças de planos dos nossos dias.
Ao longo da vida, vamos conhecendo muitas pessoas que vamos querendo guardar. Mas só algumas acabam por ficar efectivamente. São aquelas a quem nos entregámos, com quem criámos uma relação mais profunda que a fragilidade dos laços dos ditos "conhecidos". Cada um depois tem o seu lugar, a sua própria importância.
Mas o ritmo alucinante das horas e a agitação dos anos não nos permite estar sempre em contacto com todos aqueles que nos são queridos. A diferença entre a falta de tempo e o esquecimento não é o telefonema no dia dos anos ou o ocasional café, ou a mensagem de x em x tempo. É a alegria na voz no "Olá" que se ouve do outro lado do telefone.
Para mim esta é a simplicidade da amizade.
Mas há pessoas que tendem a complicar.
Pelo menos um deles não complicou, o que já deu o meu domingo por bem empregue.
O outro precisa de continuar a ouvir Rui Veloso mas com outros ouvidos.
Porque eu também sei que "Já não há canções de amor". Mas isso não devia complicar uma amizade.

1 comentário:

Patricia disse...

ora ai está uma grande verdade... e esta é uma resposta a dois dos teus posts... sim, já não há canções de amor.. mas não quer isso dizer que n continuemos a amar, de uma outra forma, com uma outra intensidade ou frequência.. mas pode-se continuar a sentir carinho, ternura e respeito sem que isto signifique nada mais do que isto.. e prefiro uma excelente amizade, cheia de cumplicidades e de confiança a um mau namoro.... mil vezes.. continua a escrever coisas bonitas que a gente gosta... beijos Doutora