segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Boa tarde, venho participar um furto

Roubaram-me a carteira na sexta feira à noite em pleno Bairro Alto.
Abriram-me a mala sem eu dar conta. Estava rodeada de amigos e sóbria.
Não fiquei espantada, como nenhum dos que me estão a ler deve ter ficado. É do conhecimento público como o Bairro Alto anda inseguro, com cada vez mais gente estranha a passear pela rua, a causar distúrbios e a incomodar pessoas.
O que me espanta é as pessoas se preocuparem unicamente em refilar em relação às horas a que os bares fecham e não se incomodem com a falta de segurança que se sente na rua àquela hora.
Amanhã vou passar momentos agradáveis na fila da Loja do Cidadão. Os meus patronos vão adorar que a minha hora de almoço seja de 4 horas.
Entretanto fui à polícia, fiz participação, abri inquérito. Agora tenho de esperar. Pode ser que a carteira apareça aí num caixote do lixo qualquer.
É uma chatice perder os documentos todos mas custa-me mais perder as recordações e tudo o que guardava que me faz lembrar pessoas e lugares.
O meu bilhete de avião de quando fui a Paris, o bilhete de comboio para Génova, uma aula de italiano dada pela Filipa num guardanapo, um pacote de açucar do Magistic assinado pelo Rui na viagem ao Porto, uma dedicatória do Gonçalo na festa de Halloween do ano passado, 20 coroas checas oferecidas pelo João para serem usadas a beber uma cerveja quando lá fosse visita-lo, um penny de troco num museu em Londres quando tinha 14 anos, fotografias, cartões de visita, o cartão de estudante da FDL, tudo coisas que não se fazem na loja do cidadão e que perco para sempre se a carteira não aparecer.
Preferia que me tivessem tirado o telemóvel. Se bem que o da Patrícia também foi furtado e ela não achou muita piada. Mas sem carteira sinto-me um bocado despida.
Foi uma noite estupida. A única coisa que compensou a semana de trabalho de cão foi a boa conversa que tive com companhias inesperadas. Os elogios às minhas pernas também me levantaram a moral. Ao menos isso, senão começava esta semana de trabalho verdadeiramente deprimida.

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