quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Lição de Italiano 101 - Os plurais

Ragazza -> Ragazze
Ragazzo -> Ragazzi

Serpente -> Serpenti

Università, Foto, Computer -> Não fazem plural

Nota escrita no guardanapo de papel do restaurante Kostkafé em Génova por Filipa Oliveira

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Actualização a pedido

Este post é escrito a pensar na minha Filipinha, que é provavelmente a leitora mais assídua deste blog. E é exigente ao ponto de refilar por, ao contrário de outros fins de semana em que escrevo muito, neste último que passou não ter escrito nada. E nem sequer ter actualizado a informação de que a minha carteira apareceu. Às vezes dá comigo em maluca, mas é porque gosto dela como se fosse da minha família. Aliás, os amigos são a nossa segunda família não é? E eu tenho a sorte da minha ser composta por pessoas extra ordinárias.
E para fazer a vontade a ela em especial, informo então que a minha carteira apareceu de forma sui generis. A realidade foi, que apareceram os meus documentos todos, e quando digo todos quero mesmo dizer todos, talões do multibanco que tinha, pacotes de açúcar, bilhetes de avião, guardanapos de papel, apareceu tudo! Tudo enrolado num elástico daqueles de atar papel, no caixote do lixo dos correios do Largo Camões.
Resumindo, esvaziaram-me a carteira toda, TODA, e cuidadosamente deixaram ficar tudo o resto. E não, a carteira não era de marca XPTO, foi comprada no Freeport e custou-me 10 euros.
Mas era podre de gira, por isso eu até percebo o ladrão. Ou a ladra.
De qualquer das formas, fico muito agradecida por me ter poupado o incomodo de ter de tirar uma tarde do escritório para ir criar raízes na Loja do Cidadão para fazer todos os documentos. Ainda há ladrões com princípios.

In truth

"I wouldn’t want you to want
To be wanted by me
I wouldn’t want you to worry
That You'd be drowned within my sea
I only wanted to be wonderful
And wonderful is true
In truth I only really wanted
To be wanted by you"

Damien Rice - The rat within the grain

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Constatação de fim de semana

Há quem coleccione peluches.
Eu colecciono pares de luvas de ex-namorados.
Se a algum ex namorado meu que esteja a ler isto lhe faltar umas luvas, ligue-me porque estão com certeza no meu recém arrumado roupeiro.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O homem que me ensinou Direito Constitucional

"À primeira vista, não podia haver mais diferenças entre o político da extrema-direita francesa Jean-Marie Le Pen e a nova esperança do Partido Comunista português, a jovem deputada recém-eleita Rita Rato. Ainda assim, cuidado com as aparências. O homem da Frente Nacional afirma recorrentemente que o Holocausto foi apenas um "detalhe" na Segunda Guerra Mundial e já foi condenado várias vezes em tribunal por isso. Quanto à nossa deputada Rita Rato, com 26 anos e uma licenciatura em Ciência Política, em entrevista ao "Correio da Manhã" confessou que não sabe se há violações dos direitos humanos na China, nem tem informação sobre o que eram os campos de concentração da antiga União Soviética, que apesar de tudo "admite que podem ter existido".
A primeira reacção a que muitos de nós cedemos quando somos expostos a opiniões enviesadas e negacionistas como nestes dois casos, é achar que podemos travar um debate contra estas pessoas. Ilusão. Não podemos debater contra preconceitos. A segunda reacção é diferente; pode ser resumida nos seguintes termos: deixar que eles falem. O Holocausto e o Gulag não são matérias de discussão.
Não é preciso ter estudado a fundo os dois assuntos para perceber que aqueles que negam que tivessem existido, ou que recusam a sua condenação de maneira clara, estão a expor uma posição falsa e, pior que isso, baseada na mais ostensiva má-fé.

No entanto, se deixamos que falem é porque ainda acreditamos na velha metáfora que define a liberdade de expressão como um "mercado de ideias". Nesse mercado, para que a verdade prevaleça é preciso confrontá-la com uma falsidade qualquer: as opiniões verdadeiras tendem a expulsar as opiniões falsas. Para podermos recordar os atropelos dos direitos humanos na China, precisamos de uma Rita Rato para nos avisar que não tem a certeza se essas violações existem. Tudo isto é muito certo e até explica porque criminalizar a negação do Holocausto e do Gulag são más estratégias do ponto de vista que mais nos interessa: assegurar que numa democracia as opiniões estúpidas e extremistas, existindo, nunca deixem de ser minoritárias.
Ao mesmo tempo, existe aqui um problema que fica por resolver: há sempre alguém que acreditará no que diz Rita Rato, exactamente como Rita Rato começou por acreditar no que outros dentro do Partido Comunista lhe disseram, a ponto de o ter vindo reproduzir cá para fora com tamanha fidelidade.
Dizem os psicólogos que o extremismo político é uma questão grupal: os racistas ficam ainda mais racistas na companhia de outros racistas, as feministas mais feministas e os negadores do Gulag mais negadores; são sempre as "companhias". Por outras palavras, se precisamos de Rita Rato para expressar o que sabemos ser falso, também não queremos a multiplicação de grupos de Ritas Ratos, para que a excepção não se transforme em regra. Graças a Rita Rato, conseguimos verbalizar o principal dilema da democracia.
Confuso? Não fique. "

Pedro Lomba in http://www.ionline.pt/conteudo/29275-bernardino-soares-foste-vingado

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Reflexão Sazonal

Acho que me sinto mais feliz nesta altura do ano.
Claro que gosto do Verão como toda a gente, de andar mais à vontade, com menos roupa, sem o chapéu de chuva e sem 400 casacos e camisolas e chuva e botas molhadas e meias encharcadas... Mas o Outono e o Inverno, o quentinho da nossa casa, a lareira acesa, a mantinha e o chá quente com o nosso alguém, as luzes de Natal, a árvore lá em casa, (os anos aqui da menina.... cof cof), faz-me mais feliz.
Passo o ano deprimida, ou é as aulas ou são as notas ou é o dinheiro ou é a vida, é sempre alguma coisa. Mas nesta altura sinto-me diferente Deve ser a criança que há em mim a querer saltar cá para fora. Acho que nem são são os presentes, é a aura desta altura. Sabe melhor viver no Outono e no Inverno.
Estar de férias é giro sim, ir à praia há quem goste, e o calor que por vezes pode ser um incomodo (é que frio a genteveste qualquer coisa e passa, o calor só se acamparmos em frente à ventoinha, e mesmo assim às vezes não passa!) até sabe bem, mas há uma mística nestas últimas duas estações do ano.
Até a cidade é mais bonita. As folhas caidas no chão, as ruas lavadas pela chuva, o cheiro a terra molhada, o céu carregado mas com algumas abertas de onde sai um timido arco-íris, o quente da casa de onde não apetece sair, o cachecol às cores e as luvas...
Hoje vim de cachecol, um cachecol lindo que me deu a mãe do André, em tons de cor de rosa e roxo, quentinho que eu adoro.Ainda pensei, Para quê, não vai estar tanto frio, vais acabar com ele na mala. Mas a realidade é que assim que pus o pé na rua soube-me bem o meu cachecol. Há aquele frio sem vento, húmido da chuva, a bater na cara, que arrepia a espinha e faz a garganta doer. Frio de Outono, a dizer Ok amigos, foi bom mas agora vamos descer a temperatura e pintar o mundo com outras cores. Com os castanhos, os vermelhos escuros.
É engraçado como até as cores relacionadas com esta estação são mais bonitas que as do Verão e da Primavera. Em vez dos verdes azuis e rosas clarinhos dos tops e das t-shirts, temos os rosas escuros, avermelhados, marrons, terracotas, cinzentos, roxos, castanhos de todos os tons, o preto. São cores mais bonitas para mim, mais formais, mais a sério.
É a altura em que percebemos que a brincadeira das férias acabou, acabou estar de papo para o ar a ver navios. É altura da responsabilidade, de trabalhar, de comer melhor, de estar quente.
De passar tempo com o nosso alguém, de partilhar abraços quentes e presentes bons.
Nem que seja um cartucho de castanhas e um chá de limão

Ainda na senda das descrições invernais

Passei mesmo há pouco pelo cimo do parque Eduardo VII, a caminho do escritório depois de uma tentativa frustrada de citar uma pessoa no domicilio.
E parei uns segundos naquele miradouro mesmo cá em cima, frente ao Palácio da Justiça, que tem vista para o Marquês e para o rio.
E fiquei siderada.
A rua estava toda molhada mas brilhava em tons de dourado porque o sol decidiu aparecer. O rio ao fundo parecia prata, o castelo olhava para mim com a cumplicidade de outras eras e outros dias, as árvores dançavam ao sabor do vento e até o Marquês parecia mais novo.
O vento batia-me na cara e o lenço ao pescoço sabia-me bem, mas o sol, apesar de fraquinho, fez-me tirar o casaco. E o arrepio fez-me sentir viva por dentro. Respirei fundo o cheiro a terra molhada.
"Caramba, que Lisboa é mesmo bonita no Inverno!"
Ainda bem que quando sair do escritório vai ser, mais uma vez, noite cerrada.
Sábado, demoras muito tempo a chegar para eu ir passear?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estou apaixonada por esta música

"I don't have a choice in this
It's a road I've come upon
You can join us if you want to
Always never seems to work
It's a word we never learned
Time will be the judge of all here

This might take a while to figure out now
So don't you rush it
And hold you're head up high
it's just a matter of time
You've been running so fast
It's the seven day mile
Has you torn in-between here and running away"

The Frames - Seven Day Mile

Começou oficialmente o Outono

E eu sinceramente, já tinha saudades.
O frio cá fora, faz-nos procurar mais o calor que temos cá dentro.
Sempre tive uma panca estranha por Lisboa vestida de cinzento, vá se lá saber porquê.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Arrefeceu

Hoje arrefeceu.
Fui trabalhar de camisa, não tirei o casaco.
Ao sair para almoçar o vento estava fresco. O sol ainda brilhava, mas não o suficiente para entrar na pele.
Hoje arrepiei-me até ao coração.
Mas foi da maneira que senti que ainda o tenho cá escondido.

Já que estamos numa de Tunas

Quarta feira, dia 7 de Outubro, acabada de chegar ao escritório:
- "Sofia, está cá com uma cara! Dormiu mal?"
Sofia pondera o que dizer.
Versão verdadeira:
- "Sabe Dra. é que ontem à noite tive mais uma Noite de Fados e Tunas lá na Faculdade que acabou assim:








"Por isso se não se importa vou buscar ali um balde de café porque só dormi 4 horas e ainda tenho cerveja às voltas no estômago."

Versão que efectivamente disse:
-" Hum... Ha... Foi Dra. tive uma insónia muito grande. Sou assim, isto já passa com um cafézinho..."
Contratar malta da Tuna dá nisto.

"Cheguei a casa e gritei: Tunante até morrer!"

No fim de semana passado preparei-me para ir com a Tuna à Serra da Estrela. Nem sabia muito bem ao que é que íamos. Só sabia que tinhamos sido convidadas para tocar, que era na Serra da Estrela e que o ponto de encontro era na FDL. No caminho para lá recebi o resto das informações: íamos para Vila Nova de Tazem, era um baptizado de um bebé, quem nos convidava era uma família muito rica e a banda da Stella ia tocar também. Porreiro, siga para a Serra.
Dois carros à partida, um com a malta mais nova em grandes cantorias e outro connosco em amena cavaqueira com relatos de uma noite atribulada daquela semana.
Achei interessante ver, que antigamente o carro da algazarra era o nosso e que ali à minha frente estava toda uma nova geração. Chamam-nos, com carinho, de dinoussauras. Que as mais velhas que nós não as oiçam.
O resultado da viagem foi uma noite bem passada, com companhia que eu ansiava rever.
Tinha saudades de tocar, de partilhar momentos com todas elas, de vestir o traje. Comemos muito bem, bebemos muito bem, fomos tratadas como rainhas. Ainda se juntou a nós a Caty, a Caju, ouvi a Stella cantar e dançei com empregados de mesa.
Mas acima de tudo, aqueceu-me o coração sentir que apesar de já não ser estudante, ainda tenho o meu lugar ali ao lado da Pipoca e da Patrícia e que ainda saltam comigo para gritar um éfe érre ú.





Boa tarde, venho participar um furto

Roubaram-me a carteira na sexta feira à noite em pleno Bairro Alto.
Abriram-me a mala sem eu dar conta. Estava rodeada de amigos e sóbria.
Não fiquei espantada, como nenhum dos que me estão a ler deve ter ficado. É do conhecimento público como o Bairro Alto anda inseguro, com cada vez mais gente estranha a passear pela rua, a causar distúrbios e a incomodar pessoas.
O que me espanta é as pessoas se preocuparem unicamente em refilar em relação às horas a que os bares fecham e não se incomodem com a falta de segurança que se sente na rua àquela hora.
Amanhã vou passar momentos agradáveis na fila da Loja do Cidadão. Os meus patronos vão adorar que a minha hora de almoço seja de 4 horas.
Entretanto fui à polícia, fiz participação, abri inquérito. Agora tenho de esperar. Pode ser que a carteira apareça aí num caixote do lixo qualquer.
É uma chatice perder os documentos todos mas custa-me mais perder as recordações e tudo o que guardava que me faz lembrar pessoas e lugares.
O meu bilhete de avião de quando fui a Paris, o bilhete de comboio para Génova, uma aula de italiano dada pela Filipa num guardanapo, um pacote de açucar do Magistic assinado pelo Rui na viagem ao Porto, uma dedicatória do Gonçalo na festa de Halloween do ano passado, 20 coroas checas oferecidas pelo João para serem usadas a beber uma cerveja quando lá fosse visita-lo, um penny de troco num museu em Londres quando tinha 14 anos, fotografias, cartões de visita, o cartão de estudante da FDL, tudo coisas que não se fazem na loja do cidadão e que perco para sempre se a carteira não aparecer.
Preferia que me tivessem tirado o telemóvel. Se bem que o da Patrícia também foi furtado e ela não achou muita piada. Mas sem carteira sinto-me um bocado despida.
Foi uma noite estupida. A única coisa que compensou a semana de trabalho de cão foi a boa conversa que tive com companhias inesperadas. Os elogios às minhas pernas também me levantaram a moral. Ao menos isso, senão começava esta semana de trabalho verdadeiramente deprimida.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Preciosidades do mundo da advocacia

"Então Dra. como é que correu o julgamento?
"Ai o Advogado era cá um estúpido, então não é que andou a pôr em causa a matéria assente em vez da base instrutória? O homem até com a morada embirrou. A juiza chegou a uma altura em que o deixou de levar a sério. Ainda por cima era gordo!"

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Barack Nobel Obama

Obama ganhou o Nobel da Paz.

Epá, não sei. O que é que o senhor fez assim de tão relevante para ganhar o galardão? Ok, deu esperança a um povo que estava à beira da depressão, promove um mundo mais consciencializado e menos focado no umbigo de cada um, sem armas, nem guerra, pró-clima e pró-pessoas.

Mas isso significa ganhar o Nobel? Por outro lado, Al Gore também foi agraciado pelo empenho e luta contra as alterações climáticas... Neste prisma sim, faz sentido.

Eu tenho uma visão do Nobel como o galardão máximo, o reconhecimento, o nome nos anais da História. E sempre para pessoas que já deram o seu contributo e estão no Inverno da vida ou que tenham uma obra muito muito extensa.... Pode ser uma visão redutora, mas o Obama é um gajo tão novo, e se ele se passar da cabeça e agora decidir apoiar as armas de destruição em massa, descongelar os icebergs e poluir os oceanos, só porque o ambiente está out?

Não seo... pessoas novas com grandes condecorações fazem-me confusão. Mas pronto, parabéns senhor Obama, fique lá com o dinheirinho e compre uma prenda à miúdas.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Outono

Consta que vem aí o Outono.
Apetece-me castanhas...

Reflexões

Acho que onde já existiu uma relação de amor, deve continuar a existir amizade.
Senão qual era o objectivo das pessoas se irem entregando ao longo da vida?
Se em principio, são as pessoas que amamos as que mais nos marcam e a maior parte dos namoros acaba, seria um desperdício de vida deitar tudo para o lixo.
Há gelos que precisam urgentemente de ser quebrados e nada tem a ver com falsas esperanças.
Há quem não precise de empurrões para saber muito bem onde é o seu canto.
E há quem já deixou o canto há muito tempo.
Há todo um mundo para andar, sem precisar de olhar para trás, salvo volta e meia pelo retrovisor. É o que se chama ter consciência do que passa por nós.
Vem aí o Inverno e há muito gelo por aí que vai ter dificuldade em derreter.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Porque efectivamente não me esqueci

No domingo telefonei a dois amigos que faziam anos.
Ambos estão agora mais afastados de mim, do que estavam há um ano, por circunstâncias da vida, mas ambos foram importantes à sua maneira, daí a lembrança do dia de anos.
Um ficou em êxtase por falar comigo. Dissemos piadas, prometemos encontro, lançámos gargalhadas. Mostrámos sem precisar de falar, que a amizade é uma coisa simples, verdadeira. Que quando se entra cá dentro ganha-se um espaço vitalício no coração, que pode não ser visitado por muito tempo, mas que se mantém lá. E quando as duas pessoas se cruzam é como se o tempo não passasse.
Porque a amizade não é uma coisa complicada, pelo contrário deve ser fluída, sobreviver às intempéries da vida, aos afastamentos comuns do quotidiano, às mudanças de planos dos nossos dias.
Ao longo da vida, vamos conhecendo muitas pessoas que vamos querendo guardar. Mas só algumas acabam por ficar efectivamente. São aquelas a quem nos entregámos, com quem criámos uma relação mais profunda que a fragilidade dos laços dos ditos "conhecidos". Cada um depois tem o seu lugar, a sua própria importância.
Mas o ritmo alucinante das horas e a agitação dos anos não nos permite estar sempre em contacto com todos aqueles que nos são queridos. A diferença entre a falta de tempo e o esquecimento não é o telefonema no dia dos anos ou o ocasional café, ou a mensagem de x em x tempo. É a alegria na voz no "Olá" que se ouve do outro lado do telefone.
Para mim esta é a simplicidade da amizade.
Mas há pessoas que tendem a complicar.
Pelo menos um deles não complicou, o que já deu o meu domingo por bem empregue.
O outro precisa de continuar a ouvir Rui Veloso mas com outros ouvidos.
Porque eu também sei que "Já não há canções de amor". Mas isso não devia complicar uma amizade.

Rescaldo do fim de semana prolongado

Queria ter escrito na sexta, mas estava exausta.
Foi uma semana intensa, com descargas gigantes de adrenalina. As complicações no escritório, o curso acabado, a falta de tempo para as coisas que gosto, para ensaiar, para ver os amigos, a solidão que às vezes me toca à secretária, a falta de horas de sono. Cheguei a casa ao fim da tarde e só quis dormir.
No sábado, depois de me desforrar na cama, acordei para uma casa em obras.
Tudo acelarado, moveis a voar de um andar para o outro, livros pelo chão, uma confusão.
Dei pouca importância, sentia-me zombi e tinha planos para mais logo.
E aí é que foi.
Café com dois dedos de conversa com amigas de sempre e uma saída à antiga com uma das minhas almas gémeas.
Reparei que não passava tempo de qualidade a descontrair e a conversar há muito tempo e que estamos crescidos. Ambos licenciados, ambos a trabalhar, ambos com responsabilidades. Notei que a maioria das pessoas que se cruzavam connosco naquele lugar, pertenciam à faixa etária dos "14/16 going on twenty" e que o cigarro continua a ser o adereço para ser apelidado de "cool".
Tudo parecia tão longinquo. Outra vida, há muitos anos. A noite hoje era de adultos.
Uns shots num lado, umas imperiais noutro, mais um vokda do outro lado da rua. E agora? Apetece-me dançar! Bora apanhar um taxi e espreitar o Lux?
A ressaca do dia a seguir foi monumental. Nem os guronsan engolidos na horizontal me valeram.
Sem sombra de dúvidas, a ressaca do ano de 2009.
Mas os brindes a nós, ao nosso esforço, às noites mal dormidas, às saídas descombinadas, fez com que valesse a pena ver o tecto a andar à roda até às 5 da tarde do dia a seguir.
Tinha saudades tuas, de te ver e de partilhar a minha alegria contigo.
Sabe bem ver que há amizades que o tempo pode afastar, tirar de primeiro plano, mas que continuam a existir. E que quando as pessoas se juntam, é como se estivessemos a ir para a aula de Alemão, aflitos por a Loreto se ir passar, por não termos feito o trabalho de casa.