terça-feira, 11 de maio de 2010

O António é que tinha razão

Ora pois que hoje é dia da visita do Papa Bento XVI a Lisboa .
E não é que eu o vi a passar no seu automóvel?

Sinceramente não vou muito à bola com o senhor, tenho um problema com alemães nazis, que é que se há-de fazer, e a complacência do dito senhor para com os padres pedófilos não ajudou à criação de boas relações entre nós.
Mais ainda que fundamentalismos, irritam-me as falsas morais e o não querer ver. Para síndromes "pala de burro" que só vê a cenoura à frente já basta a politica. Acredito que o papel da Igreja é outro, que a mensagem da Bíblia é outra e que o papel do Papa é sem dúvida outro.
Tanto eu como a minha irmã tivemos uma educação católica, estudámos a bíblia, íamos à missa ao Domingo, professámos a fé de branco e velinha. Mas chegou a certa altura do nosso entendimento, em vésperas de crisma, em que a Igreja deixou de ter respostas para as nossas dúvidas, em que o diálogo passou a cacique, em que sentimos abrir num buraco entre o que consideramos ser a evolução do pensamento e da sociedade e o dogma, entre os ideais da moralidade, do respeito, da solidariedade e da rectidão que retirávamos daquela religião e a máquina milionária que move o mundo chamada Igreja Católica. A falsa moral, repleta de vícios e com falta de virtudes.
Foi altura de quebrar, guardar o que é de bom e evoluir.
O que perdemos de fé ganhámos em tolerância. O que não nos salva de ir parar ao inferno como disse um dia o Paulo (ou Pe. Paulo mais cedo ou mais tarde) à Isabel, para sua estupefacção. Mas adiante.
De facto, as liturgias a propósito da Equipa d' África e a missa da minha benção de finalista creio terem sido as únicas a que assisti nos últimos 6 ou 7 anos, salvo um ou outro velório.
Em conclusão, não sei se acredito em Deus, o que acho que significa que talvez não acredite mesmo. Mas gostava, genuinamente, de ser uma pessoa de fé. Creio que a fé ajuda a combater a solidão e cultiva um certo sentimento de pertença. Mas eu nem optimista ando, quanto mais com fé.
Mas independentemente disso e voltando ao Papa, Herr Ratzinger, esteja à vontade para vir conhecer o meu país e ir comer ali comer um pastelinho de Belém, ora essa, faça favor.
E foi exactamente no carro, que eu hoje o vi, na Rotunda do Marquês, vinha eu da Infante Santo a tentar chegar ao escritório, "Desculpe lá menina, mas agora não pode atravessar, porque o Papa vem aí, ninguém vai para a estrada agora!". Lá fiquei eu à espera, de autorização para atravessar a rua, em pela praça do Marquês, lá o senhor passou, não no papa mobile, mas num carro qualquer, disse adeus às pessoas que ali estavam repimpadas à tuga, como bem disse o Artur que acabei por encontrar no meio da multidão.
Foi para Belém, qual rei mago, rodeado de escolta policial (afinal existe policia em Portugal, quem diria!), com helicópteros da força aérea e sei lá mais o quê. Muito me ri com o Victor há bocado quando lhe ouvi dizer que tanto aparato policial o inibiu de sacar de um cigarro, não fosse levar logo um tiro de sniper por julgarem que trazia alguma arma no bolso. Uns levam incenso e mirra para Belém, este foi lá comprar uns pastéis, acho bem.
Aliás, é como dizia o António Silva ao Ribeirinho no filme "A Vizinha do Lado".
- "Eu não lhe disse, que a primeira coisa que se faz quando se vem a Lisboa, é ver os Jerónimos?"
Hoje disse adeus ao Papa e ele adeus a mim, por isso acho que fiquei abençoada. E nem em importei com a chuva. Era água benta!

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