Costuma-se dizer na tradição académica, que a capa do traje do estudante é parte de si objectificada. Um estudante que decida viver a vida académica da sua cidade, a Faculdade como um todo, muito mais amplo que as aulas e os livros e o curso, comprou de certeza o traje nos primeiros anos da Faculdade (e não na véspera da Benção das Pastas, como também os há), vestiu-o várias vezes, andou assim de dia, de tarde, de noite e pela madrugada, riu e chorou, bebeu e ficou a seco, sonhou e desesperou e assim cresceu. É uma imagem bonita, vista pelos olhos de quem, como eu, acredita, que a tradição académica é um rito de passagem na antecâmara da vida adulta, na qual o preto e branco nos ajudam a alcançar a clareza necessária para pintar o resto do nosso caminho a cores.
O meu traje foi comprado em Tuna, por altura em que deixei de ser caloira, com a minha Madrinha e com as minhas irmãs (de tuna), numa roda viva de fotografias e tira e experimenta saias e casacos.
Vivi com ele vestido alguns dos melhores momentos da minha vida, pintei com aquelas cores algumas das amizades mais bonitas que trago comigo. Apertei a alarguei a saia, vi as camisas a perder a cor, comprei por necessidade o meu segundo par de sapatos. Cada pin oferecido conta a sua história, cada emblema da capa tem a sua razão de ser. Nunca o lavei, nem à capa, que é coisa que muito enoja a minha avó (que nem sonha com metade das situações que aquele traje já viveu).
Hoje de manhã, separei a capa do resto do traje e trouxe-a comigo para o escritório. Vamos passar o serão na Praça do Município porque é dia de Serenata a Lisboa. E apesar de não dar para trajar por completo, por o horário ser demasiado apertado, entre escritório e pós graduação, não fazia sentido para mim aparecer nos Paços do Concelho sem capa. Sem a minha capa.
Porque juntas apanhámos molhas de proporções bíblicas (já que falámos de Ovibeja há pouco, lembraste Filipa?), juntas passámos noites sem dormir, juntas rimos e chorámos e sonhámos com música como pano de fundo ou por entre o silêncio dos olhares e das palavras guardadas.
A minha capa conta a minha história, dos meus tempos de estudante, trás nas fibras gastas as lembranças de quem me tocou e na costura e nos rasgões o nome de quem amei e ainda amo.
E a Serenata a Lisboa é isso tudo, é o amor à Cidade que nos formou, a esta morrinha que nos aperta o peito a que chamamos de Saudade quando lembramos o que vivemos e quem passou por nós.
Voltamos hoje à Praça do Município, minha querida capa, onde te apaixonaste um dia, por isto tudo e por nada em particular, onde te rasgaram por amor e te baptizaram por engano.
Hoje vais quietinha e calma nos meus braços para me proteger do vento (caso o haja) e compensar algumas ausências.
Já estamos em Maio e hoje é dia de Serenata a Lisboa. E ainda só estamos a dia 3.
O meu traje foi comprado em Tuna, por altura em que deixei de ser caloira, com a minha Madrinha e com as minhas irmãs (de tuna), numa roda viva de fotografias e tira e experimenta saias e casacos.
Vivi com ele vestido alguns dos melhores momentos da minha vida, pintei com aquelas cores algumas das amizades mais bonitas que trago comigo. Apertei a alarguei a saia, vi as camisas a perder a cor, comprei por necessidade o meu segundo par de sapatos. Cada pin oferecido conta a sua história, cada emblema da capa tem a sua razão de ser. Nunca o lavei, nem à capa, que é coisa que muito enoja a minha avó (que nem sonha com metade das situações que aquele traje já viveu).
Hoje de manhã, separei a capa do resto do traje e trouxe-a comigo para o escritório. Vamos passar o serão na Praça do Município porque é dia de Serenata a Lisboa. E apesar de não dar para trajar por completo, por o horário ser demasiado apertado, entre escritório e pós graduação, não fazia sentido para mim aparecer nos Paços do Concelho sem capa. Sem a minha capa.
Porque juntas apanhámos molhas de proporções bíblicas (já que falámos de Ovibeja há pouco, lembraste Filipa?), juntas passámos noites sem dormir, juntas rimos e chorámos e sonhámos com música como pano de fundo ou por entre o silêncio dos olhares e das palavras guardadas.
A minha capa conta a minha história, dos meus tempos de estudante, trás nas fibras gastas as lembranças de quem me tocou e na costura e nos rasgões o nome de quem amei e ainda amo.
E a Serenata a Lisboa é isso tudo, é o amor à Cidade que nos formou, a esta morrinha que nos aperta o peito a que chamamos de Saudade quando lembramos o que vivemos e quem passou por nós.
Voltamos hoje à Praça do Município, minha querida capa, onde te apaixonaste um dia, por isto tudo e por nada em particular, onde te rasgaram por amor e te baptizaram por engano.
Hoje vais quietinha e calma nos meus braços para me proteger do vento (caso o haja) e compensar algumas ausências.
Já estamos em Maio e hoje é dia de Serenata a Lisboa. E ainda só estamos a dia 3.
4 comentários:
Quiçá se também a Serenata a Lisboa não é cíclica! ;)
ahaha sou a pipoca! Joao viana é o meu prof d penal e tenho o mail d subturma aberto, por isso isto fez automaticamente. ahaha lindo
LOOOOOOOOOL
A Tua capa já conheceu baptismos em Serenatas Anteriores...
Foi por engano, mas um engano daqueles bons que selam amizades de longa data Fifi.
Mesmo que a modernidade da Serenata do Quim Barreiros, Mónica Sintra e afins...é sempre um gosto rever-te!
Enviar um comentário