Hoje acordei com uma fé desgraçada que 2010 vai ser um grande ano.
2009 foi um ano muito difícil, intenso, de mudanças e reviravoltas. Foi um ano de reflexão introspectiva, de balanços de vida, de mudança de vida.
Olhando para trás, constato que, no que toca a mim, se dividiu claramente em duas metades distintas.
Toda a vida fui menina de mandar bitates sobre a vida dos outros, julgo que o termo politicamente correcto é conselhos. Mas em 2009 percebi que lia para lá do olhar dos outros, mas não conhecia a minha própria alma. E isso era condição para conseguir sobreviver a este 2009 que estava a ser tão áspero, com tantos buracos. Melhor que conseguirmos ver onde pomos os pés, é saber de antemão onde é que estão os buracos. Nunca se sabe quando a chuva nos vai toldar a visão. Então pus mãos à obra e aventurei-me nessa jornada que foi descobrir, afinal, quem era esta Sofia que todos os dias acorda na minha cama.
Descobri inseguranças que achava que não tinha, medos que escondia a sete chaves, lados da minha personalidade que se explicam, por obedecerem a um padrão que eu não sabia que existia, e que afinal condiciona toda a minha maneira de estar, de pensar e de amar.
Foi o ano em que conheci o quão frágil somos mas ao mesmo tempo, quanta força temos dentro de nós.
Foi a segunda metade do ano, a chamada fase zen de 2009, amplamente ilustrada neste blog. 2009 foi o ano em que me deixei prender por uma solidão pesada, mas ao mesmo tempo em que me libertei. Em que deixei de criar expectativas, de fazer planos, porque a ressaca dos planos, que outrora fiz e que foram por água abaixo, era grande. E foi crucial para acabar o curso, momento feliz de 2009 no ranking logo depois de conseguir arranjar estágio.
E pela primeira vez no ano consegui respirar.
E como ontem escrevi ao Carlos, faz muito bem respirar, oxigena o cérebro.
É aqui que me encontro hoje, a 31 de Dezembro, no meu nicho zen, em tons de amarelo, a condizer com a minha camisola, que construi algures a meio deste ano defunto, com paredes já mais sólidas, que os materiais que antes utilizava, mas sempre prontas a serem derrubadas por algum avanço da tecnologia. A necessidade aguça o engenho e 2010 é o ano em que me vou especializar na arte de ser feliz.
Hei-de continuar a escrever, quiçá o livro que a Filipa tanto pede, e que o Carlos já prefaciou. Porque gosto muito de pensar. E porque penso ao sabor da escrita. É talvez uma psicose minha, querer ter os pensamentos ordenados, a contrastar com o caos em que vivo no dia-a-dia. Escrever arruma-me a cabeça. Não desejo ser perfeita em 2010, é importante continuar a ser única, agradável com um leve toque de desiquilibrio.
Hei-de continuar a alimentar loucuras e a seguir o que o coração me manda fazer. Chamam-me impulsiva mas não me importo. A vida para mim não faz sentido se não for vivida intensamente. Pensar que podia ter feito uma coisa que acabei por não fazer é pior do que viver arrependida.
Acho por isso, que acabo 2009 da melhor forma, sem mágoas, nem sapos entalados na garganta em relação a ninguém que me seja querido. Tenho alguma nostalgia gravada nas pedras de alguns cantos da memória, bocadinhos da minha alma que volta e meio revisito, sonhos que ainda não esqueci e que gostava que se tivessem concretizado, mas como escreve a Mafalda Veiga são "vestígios de guerra/que não sei apagar" e na verdade, nem quero, porque, no fundo, somos a soma das nossas vivências e eu não troco as minhas, porque mesmo as tristes já foram em algum momento felizes. E as felizes que eu vivi são intemporais.
Desejo a todos os que me lêem e seguem por mais um ano, uma fantástica noite e um belíssimo 2010. Que seja recheado de alegrias e sucessos, com muita paz, saúde e algum dinheirinho. Com dias e noites quentes mesmo quando faz frio, com sorrisos rasgados na cara de quem amamos. É uma nova década, todo um mundo de possibilidades. Vai ser um grande ano. É só acreditar nisso.
2 comentários:
tb quem é que te quer perfeita??? feliz sim... muito mas muito feliz... e sorridente, e mandar bitaites sempre que quiseres, mesmo que sejam desprovidos de sentido na altura... e a rir, e a cantar e a dançar... queremos-te feliz e qt ao livro deixa lá... qq dia fazes um de notas soltas, de prefácios ou simplesmente de desejos... na república checa, na tailândia ou quiça, por essa lisboa que amamos... beijos amiga
FELIZ 2010.
Desejo-o aqui tb, no teu blog, para que não seja apagado como as sms do telemóvel passado uns tempos!
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