sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Consciência limpa, alma leve

Devemos sempre pedir desculpa.
Mesmo quando achamos que temos razão. Mesmo que as nossas palavras e acções tenham fundamento lógico, é o nosso fundamento, não é o dos outros.
Há sempre dois lados qualquer que seja a questão e aquilo que para uns é óbvio, é claro, é justificável, para outros é injusto e magoa.
Quando as pessoas se chateiam é muito fácil perder a noção de que o que se diz fica escrito nos cadernos da memória. E a memória é uma coisa muito perigosa. É selectiva e funciona mal. Em vez de apanhar um todo, calcular uma média e com isso fazer o balanço da vida, descontextualiza e constroi planos diferentes da realidade. E o que fica dos outros é aquele olhar em particular e aquelas palavras murmuradas no calor da discussão. Tudo o resto bom que aconteceu é calcado, desaparece. Será que queremos ser recordados assim? Não, não queremos.
Por isso devemos sempre pedir desculpa, por mais que nos tenham também magoado e não o reconheçam. Por mais que as nossas atitudes sejam um reflexo da maneira como somos tratados, do coração que se partiu para fora do barco sem saber nadar, sem que ninguém o socorresse. A outra parte terá a justificação dela, os seus argumentos, um lado que não é o nosso mas que não deixa de ser válido à luz de outros padrões, de outros ideais, de outras vivências.
Se pedirá ou não desculpa não penso nisso. Talvez ache que não precisa. Talvez ache que agiu sempre bem.
Cada um que lide com o juiz da sua própria consciência. Eu pessoalmente pedi porque quero que me guardem como um todo contextualizada no devido lugar.
O juiz da minha consciência absolveu-me.
O meu coração pesa, porque custa tocar nas feridas e saber que ainda existem. Mas a minha alma ficou leve. E no fim de contas é isso que importa.

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