domingo, 8 de março de 2009

Intemporalidade

23-10-2005
Pensamentos de meia-noite (ou da uma e meia da manha)
Há alturas da nossa vida em que de repente tudo se vira de pernas para o ar, e nada parece mais bater certo.

O mundo desaba e a perspectiva de ficar na cama o resto da vida para não enfrentar a realidade de que tudo continua igual lá fora torna-se demasiado apelativa.

Até que devagarinho entra em cena a força que julgávamos não ter, mas que afinal está lá. Descobrimo-la nos amigos, não nos que nos cobrem de mimos e dizem com ar de pena que sentem muito.
Não sentem nada, não é com eles, somos seres estranhos e amargurados aos seus olhos.
Nem naqueles que opinam para o ar com a retórica dos políticos que a sua solução move montes e montanhas e que com a sua luz deixaremos de andar às escuras. A esses digo, experimentem apagar as luzes de vez em quando, irão descobrir que a penumbra não nos cega, só nos acelera a necessidade de sentir. O desespero está quando não encontramos apoio no vazio, e palavras soltas não são palpáveis, não nos guiam, não servem para nada.

A força está naqueles que nos abrem as cortinas do quarto com um sermão, nos atiram água fria para os olhos e nos gritam em contagem crescente os segundos, minutos, horas e dias que estamos a perder.
Naqueles que percebem num olhar que o caminho mais fácil e que nos faz sorrir mais depressa é ao mesmo tempo o mais sinistro e que a negação é uma fachada de esperança que conduz à loucura.
Os verdadeiros amigos são aqueles que não se conformam com outro caminho para nós senão o da absoluta felicidade. São poucos e raros, mas existem. E mais tarde ou mais cedo as suas intenções ganham forma e nós descobrimos a porta do armário onde nos trancamos. É finalmente hora de sair.

Enfrentar de frente a vida é o desafio que eu proponho. Vivê-la intensamente é a desejada recompensa.

Porque apesar da esperança ser a última a morrer e as lembranças eternas, há que ajudar as feridas a sarar, largar o saudosismo e começar a abrir os olhos para o mundo.

Porque ainda há estrelas no céu... só temos é de as procurar...

2 comentários:

code disse...

que mais uma vez funcione!

abraço.

Anónimo disse...

Ai mulher, esceves bem que dói!!

NO entanto, acho indecente ainda não haver qualquer alusão à fabulosa viagem que estás prestes a fazer :P