quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ao menos isso

"Pela milésima vez, Luís Bernardo olhou para o amigo com admiração («não sei se actualmente a palavra amigo será a mais apropriada», dissera o outro). Sim, amigo era a palavra certa. Um amigo é alguém de cuja presença se gosta, por quem se tem admiração, em cuja companhia se aprende. Luís Bernardo admirava tudo em David: a sua capacidade de tirar sempre partido de qualquer situação, o prazer com que vivia a vida e tudo o que viesse, a calma e a determinação com que encaixava os golpes do destino e lhes fazia frente, a simplicidade linear do seu código moral de conduta, a sua absoluta ausência de angústia face ao esboroar do tempo, porque ele desconhecia em absoluto a noção de tempo perdido e cada dia de vida era para ele uma dádiva, que nenhum desgosto e nenhum revés poderiam toldar."

in Equador de Miguel Sousa Tavares

Aconselho. Pelo menos a ler. Sempre têm a certeza que, quando chegarem ao fim, o livro não vai a lado nenhum.

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