Tudo o que se vive, não se esquece. Se assim fosse, não poderiamos aprender com os erros e com as conquistas, porque tinham sido simplesmente esquecidos. O que acontece é que eles ficam guardados, num local em nós, onde acedemos (ou não) quando precisamos. Daí vem a nossa força, a nossa paz. Todos somos diferentes do que fomos antes. Todos tivemos amores e desilusões antes. Esquecemo-nos delas? Não, guardamos em nós. E com eles construímos o que somos hoje. Com os amores e as desilusões de hoje. Que são (devem ser) diferentes das anteriores. Para mim são. Hoje tenho algo que não tinha antes... sim, também tenho o Técnico, mas agora ele não entra na minha equação!; tenho um Tudo que é diferente, tenho um Tanto que não é comparável. Que é maior e melhor do que algum dia foi. Porque eu própria ou maior e melhor do fui. Tenho mais do que tive, tenho melhor. E se por vezes, eu aceder ao tudo e ao tanto que tive antes, isso não faz com que o Tudo e o Tanto que tenho hoje sejam menores. Ou que esteja a preferir o passado ao presente e ao futuro. Significa apenas que faz tudo parte da construção que sou eu. Que acedo aos meus lugares, por vezes porque quero, outras vezes porque calhou. E aceder a eles causa um desconforto enorme, porque são locais onde não me sinto bem, com recordações más. Locais de gritos e de choros, de palavras (mal!) trocadas e de sentimentos de culpa e vazio. É isso que tenho hoje? Não. Prefiro isso ao que tenho hoje? Claro que não. Vou algum dia voltar para trás? Nunca. Vou sempre andar para a frente. E se puder, levo o Tudo e o Tanto que tenho hoje, comigo. Porque foi isso que eu escolhi, é isso que eu escolho todos os dias. Por isso não é preciso ter medo do passado. Há que guardá-lo e analisá-lo de vez em quando, e tentar fazer as pazes com ele, com o que sentimos por ele. E há que construir o futuro com que temos agora, com que sentimos agora. Com o que nos faz bem e felizes. Não sinto nada pelo passado que se compare com o que sinto pelo Presente. Presente esse que vai ajudar-me a construír o meu futuro. Seja lá ele qual for, é para lá que caminho. E mesmo sabendo que quer o passado quer o Presente vão comigo, só um deles caminha ao meu lado.
Porque prefiro lugares e emoções com letras bem grandes, maiúsculas, como tu, para poder sempre ver, mesmo nos meus momentos de miopia emocional.