Acordo. E tento focar o mundo. Ainda meia baralhada, começo a analisar o que me aconteceu. Foi só um pesadelo, penso. E tento voltar a adormecer.
Mais tarde relembro o que me fez acordar tão bruscamente e não pregar olho o resto da noite. Que tudo tinha acabado. Que a vida tinha mudado. Voltas de 180º, num plano que desconheço. Alturas da vida misturadas, tempos que não faziam sentido, pessoas em locais que não lhes pertencem. Era ele, ali, mas não podia ser porque ele nunca lá foi nem eu o conhecia na altura. Era eu, a conversar sobre este assunto, mas também não podia ser porque quando eu lá estava esse assunto não se punha. Era o outro, que não estava lá, o que ainda é mais estranho, visto que estava lá sempre, naquela altura, naquele lugar. Mas a conversa não existiu.
Foi estranho, confuso. Dizem que nos sonhos (ou pesadelos) o nosso sub-consciente vem ao de cima, ultrapassa as barreiras do Ego (ou será do Super-Ego? Nunca fui boa a Psicologia...) e aparece-nos assim, de modo estranho.
Freud interpretava os sonhos sempre (ou quase sempre) de uma prespectiva sexualista. Aposto que iria interpretar o meu sonho (ou pesadelo) da mesma maneira, iria arranjar uma justificação qualquer estranha e sem sentido e afirmar sem sombra de dúvida que eu queria matar a minha mãe e dormir com o meu pai. Freak.
No entanto, acho que os sonhos (ou pesadelos) são, sem dúvida, pedaços de consciência. Revivemos pontos que já passaram, desenhamos linhas de imaginação e no fim, como aqueles livros para crianças, unimos tudo e sai uma imagem. O tal sonho. Ou pesadelo.
No dia seguinte confessei esta angústia e logo tive resposta. Tipo psicoterapia de trazer por casa, mas a que eu começo a dar alguma razão. Tudo se resume a medo. Fenómenos de transferência psicológicos, onde eu era ele e ele era eu. A minha reacção era a dele, a dele era a minha. Ou um protótipo da minha, caso a situação se colocasse. Troquei de corpo, troquei de situação, de vida.
Tudo se resume a medo. Medo da mudança. Medo do desconhecido. O ser humano é inevitávelmente atraído para o que não conhece. No entanto há pessoas que reagem mal à mudança. E eu sou uma delas. Planear a longo prazo não é o meu forte, não gosto de pensar muito para a frente. Mas amedronta-me o que não conheço, o partir sem saber, o atirar-me de cabeça. Preciso de um plano, mas não gosto de o fazer.
"Cada dia é um dia.. e deve ser melhor que o anterior.. sem pensar em planear (...) surpreendendo-nos... fazendo-nos felizes!", disseste-me um dia. E eu guardo esta frase, agarro-me a ela, e ao tempo, esse malandro que vai passando, e que põe o futuro e o medo que temos dele, mais perto de nós.
Apetece-me pensar no âmago das coisas.
À minha amiga Maria Alexandra.
Mais tarde relembro o que me fez acordar tão bruscamente e não pregar olho o resto da noite. Que tudo tinha acabado. Que a vida tinha mudado. Voltas de 180º, num plano que desconheço. Alturas da vida misturadas, tempos que não faziam sentido, pessoas em locais que não lhes pertencem. Era ele, ali, mas não podia ser porque ele nunca lá foi nem eu o conhecia na altura. Era eu, a conversar sobre este assunto, mas também não podia ser porque quando eu lá estava esse assunto não se punha. Era o outro, que não estava lá, o que ainda é mais estranho, visto que estava lá sempre, naquela altura, naquele lugar. Mas a conversa não existiu.
Foi estranho, confuso. Dizem que nos sonhos (ou pesadelos) o nosso sub-consciente vem ao de cima, ultrapassa as barreiras do Ego (ou será do Super-Ego? Nunca fui boa a Psicologia...) e aparece-nos assim, de modo estranho.
Freud interpretava os sonhos sempre (ou quase sempre) de uma prespectiva sexualista. Aposto que iria interpretar o meu sonho (ou pesadelo) da mesma maneira, iria arranjar uma justificação qualquer estranha e sem sentido e afirmar sem sombra de dúvida que eu queria matar a minha mãe e dormir com o meu pai. Freak.
No entanto, acho que os sonhos (ou pesadelos) são, sem dúvida, pedaços de consciência. Revivemos pontos que já passaram, desenhamos linhas de imaginação e no fim, como aqueles livros para crianças, unimos tudo e sai uma imagem. O tal sonho. Ou pesadelo.
No dia seguinte confessei esta angústia e logo tive resposta. Tipo psicoterapia de trazer por casa, mas a que eu começo a dar alguma razão. Tudo se resume a medo. Fenómenos de transferência psicológicos, onde eu era ele e ele era eu. A minha reacção era a dele, a dele era a minha. Ou um protótipo da minha, caso a situação se colocasse. Troquei de corpo, troquei de situação, de vida.
Tudo se resume a medo. Medo da mudança. Medo do desconhecido. O ser humano é inevitávelmente atraído para o que não conhece. No entanto há pessoas que reagem mal à mudança. E eu sou uma delas. Planear a longo prazo não é o meu forte, não gosto de pensar muito para a frente. Mas amedronta-me o que não conheço, o partir sem saber, o atirar-me de cabeça. Preciso de um plano, mas não gosto de o fazer.
"Cada dia é um dia.. e deve ser melhor que o anterior.. sem pensar em planear (...) surpreendendo-nos... fazendo-nos felizes!", disseste-me um dia. E eu guardo esta frase, agarro-me a ela, e ao tempo, esse malandro que vai passando, e que põe o futuro e o medo que temos dele, mais perto de nós.
Apetece-me pensar no âmago das coisas.
À minha amiga Maria Alexandra.