"Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê? ... Ah! Como é vão!
Que tudo isso, Amor, não nos importe.
Se ele deixou beleza que nos conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes amor, já te esqueci,
Para mais tarde doidamente me lembrar,
Mais doidamente me relembrar de ti!
E quem me dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"
Florbela Espanca, "Livro de Soror Saudade" 1923
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