terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dezembro

Tenho uma Paixão por esta época.
Não sei explicar, mas quando o calendário aponta perto do dia 1 de Dezembro, parece que o ar muda. E desde que acordo, sempre desde que me lembro, no dia 1 de Dezembro, a única coisa que quero é ir abrir a porta da garagem (antigamente a tralha ficava na dispensa, mas vai tudo dar ao mesmo) e levar aqueles 3 caixotes para o meio da sala. Agora acrescento um passo, pegar na vassoura e limpar as teias de aranha, pois a minha garagem é todo um submundo de bichos nojentos, nhec. Adiante.
E aí, com aquilo tudo à minha frente, vitoriosa, volto a ter 10 anos. De robe e pijama a montar a árvore, a desembrulhar cada peça do Presépio e colocá-la com jeitinho no tampo da aparelhagem. Acender as velinhas, estratégicamente colocadas, de modo a iluminar a cena mágica que nos acompanha ano após ano, o Menino Jesus nas palhinhas deitado. Cerca de 30 anos de "peças" de Natal, já do tempo da minha mãe, todos os anos espalhadas pela casa. A árvore verdinha, docemente decorada com laços brancos, fita vermelha e bolas douradas. Velas por todo o lado. A lareira acesa. Um cheiro a bolos e doces. As prendas debaixo da árvore, bem juntinhas para parecerem mais, a aumentarem. As meias são da avó, os chocolates para a mãe, as pantufas para o pai.
Um espírito que me leva a anos que já passaram, ao tempo da inocência, do tempo de TER tempo.
Sempre pensei que gostava desta época porque faço anos quase no Natal. Mas percebi que afinal o que gosto é desta sensação de nao ter crescido, como se durante um mês o tempo voltasse para trás.
Fora do Natal detesto o Inverno. Sou uma pessoa que gosta do calor, do sol, dos dias grandes, das mangas curtas, de andar de chinelos o dia todo. Inverno é sinónimo de chapéu de chuva para todo o lado, três camisolas de lã e ainda ter frio, pés molhados, dias cinzentos, água até dizer chega. Odeio, estação mais estúpida, senhores!
Mas não em Dezembro. Durante um mês, até sensivelmente ao Dia De Reis, esta é a minha estação. Pois não há nada melhor do que olhar em volta, ver as ruas cheias de luz, as árvores com luzinhas a piscar, as montras cheias de cor, como se estivesse ainda a subir a minha antiga rua em Lisboa, depois das aulas, no caminho de casa. Agora, o percurso é diferente, há uma autoestrada pelo meio, mas a sensação é a mesma, assim que passo a ombreira da porta. E tudo por causa daquela árvore, montada sem falta no dia 1.

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