quinta-feira, 6 de março de 2008

Tunas

Já me perguntaram qual o meu fascínio pelas Tunas.
Mas que piada é que isso tem? Uma cambada de bebados vestidos de preto, a cheirar a cerveja, a agitar pandeiretas e violas pelo ar, a fazer uma barulheira infernal... yeah, que giro!

Ora meus amigos, é do conhecimento geral, pelo menos das pessoas, um beijinho para todos, que frequentam aqui este estaminé, que a yours truly aqui deste lado faz parte de uma Tuna, a TFIST. Por isso vos digo, minha gente, a Tuna é mais do que meia dúzia de arruaceiros que tresandam a copos e cantam a "Mulher Gorda" até as cordas vocais (ou as da viola) rebentarem. É tão mais do que isso.
A Tuna é um mundo. Um mundo de amigos. De direitos e deveres. De dedicação. É trabalhar por um todo, um todo maior do que nós. É ter orgulho num projecto, representá-lo num mundo diferente e ser reconhecido, por outros elementos desse mundo. Dizer "Sou da Tuna X!" e ouvir "Epá vocês são muita bons!", ou "Ouvi-vos tocar no sítio tal, mereceram mesmo o prémio X!", enche-nos o peito de coisas boas.

No entanto, não se trata apenas da componente musical e artística, o mais importante é a componente humana. Um elemento de uma Tuna é um ser melhor. É uma pessoa que conhece imensa gente, com quem tem de, obrigatoriamente, saber lidar. Porque as pessoas são sempre diferentes, os ambientes diferentes e as situações são diferentes. Um pouco como ser engenheiro, não é? Ok.. piada à Técnico, adiante.

Um Tuno (feminino ou masculino) é uma pessoa com uma grande capacidade de adaptação e encaixe. Alguém que que aprende a trabalhar bem em equipa, é disciplinado, cumpridor de uma hierarquia pesada e rígida. E é também alguém que se diverte, que aproveita o que faz, que tem facilidade em se dar a conhecer. Mas é duro! Senão vejamos. Em pleno semestre conciliar aulas, ensaios duas a três vezes por semana, treino pessoal fora deste horário para haver crescimento musical, festivais e actuações em fins de semana, que duram por vezes os dois dias inteiros. Dois dias com muita animação, mas com muito stress, com a preocupação de ensaiar vozes e instrumentos, garantir recursos humanos minimos para actuação, trabalhar a musicalidade, a originalidade, e toda a burocracia inerente quando se trata de um espectáculo.

Basicamente, é como um projecto que temos que entregar na faculdade. Temos que ter todo o trabalho estudado, mais o belo do sorriso da cara, apesar das muitas horas de sono perdidas, do cansaço acumulado, da garganta rouca e dos pés inchados dos sapatos e das horas em pé.
Parte boa: Vale tudo a pena, porque assim que as luzem acendem e que o público se manifesta, se as coisas correm bem, não há sentimento melhor.
E quando tudo acaba, fica o convívio, a discussão amigável sobre quem esteve em palco. Quem gostou, quem não gostou, quem não tem opinião. Os que cantam melhor, os que são mais animados, os que bebem mais.

É uma actividade extra-curricular saudável, fortalecerora de laços. Porque os amigos que ficam connosco quando acabarmos a faculdade são inevitavelmente (tirando meia dúzia que conseguimos manter ao longo dos anos, uns da faculdade outros já de trás, com com algum esforço não perdemos o contacto) os amigos da Tuna, pois as cadeiras vão ficando umas para trás umas para a frente, uns acabam outros ficam mais um ano, as pessoas deixam-se de ver.

Mas na Tuna, é até morrer. Cursos findados e há malta que ainda aparece, ainda canta, ainda toca, ainda corre o país (quando pode), e naqueles momentos é como se nada tivesse mudado. Ainda encontra os amigos do seu tempo, conhece quem chegou agora, ainda ri das mesmas piadas, ainda se sente em casa.
Confesso que me é por vezes difícil conciliar isto tudo, e quem me conhece ou é meu colega nestas lides Tunísticas sabe-o bem, não sou a pessoa mais assídua nem a mais entusiasta. A minha capacidade de gestão não é das melhores e conforme o curso vai avançando (mais devagar e pesadamente do que eu gostaria), mais difícil se torna. Não estou em todas, não vou sempre ao ensaio, não fico na discoteca até o sítio fechar. Sou fraquinha de saúde, preguiçosa, tenho imenso que fazer que já deveria ter feito, e uma prescrição para evitar. Há que, no entanto, arranjar um meio termo. E é isso que eu tento, apesar de por vezes não ser muito bem sucedida.

No entanto, e apesar de tudo, acredito que a faculdade é mais do que um edifício (ou vários) onde se tira um curso superior. É um lugar onde se faz formação em todos os aspectos da Vida. Seja a Matemática, a Física, a Gestão, seja o Código Civil ou o Francês; aprende-se a compreender, a respeitar, a trabalhar, a ter brio e orgulho, aprende-se a disciplina e a razão. E onde se conhecem as pessoas que mais tarde vão realmente importar. E é com este pensamento em mente que se entra na Tuna, e se aguenta o bom e o menos bom, o difícil e o acessível, as lágrimas e o riso.

Porque saímos da faculdade com um canudo numa mão, e um certificado como pessoa na outra.

3 comentários:

Maria disse...

Como gostava tanto de pertencer a uma tuna.. Acho que quem lá anda se envolve mesmo muito com todo aquele mundo...

um bjnho.

Isabel Paixão disse...

Procura um Tuna nas faculdades perto de tua casa, se já andas no Ensino Superior. E há sempre aquelas que representam as Academias. Se gostavas de pertencer, nãp é desculpa, procura, e adere! Vais ver que não te arrependes =)

Obrigada pela visita, volta empre que quiseres.

Anónimo disse...

hmm... Já viram estes?
http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.com/
http://tunostunas.blogspot.com/
http://atilaotuno.blogspot.com/