Hoje tive uma experiência estranha.
Ia eu no 767, mais ou menos no Campo Grande, quando um rapaz se encosta a um canto, à minha frente. Podia passar totalmente despercebido, não era nenhum Johnny Depp, mas houve algo que me despertou a atenção: o perfume. Um cheiro familiar, que conheço de cor, que está associado a uma época da minha vida, um passado, alguém.
E foi nesse momento que me bateu, lá no fundo, dentro do peito, uma dor aguda, um sofrimento agonizante, uma enorme saudade. Saudade do cheiro e do que ele reprensentava para mim. Fechei os olhos e quase que o conseguia sentir ali. Raios parta o moço que se encharcou naquele maldito perfume! Fechei bem os olhos e quase que o podia tocar, vê-lo até. Como da última vez que nos vimos.
Admito que já não me lembro bem, mas naquele momento era tão claro, tão nítido. E por uns momentos, durante aqueles 5-10minutos do Campo Grande à Estrada da Luz (que foi onde ele saiu, ainda estive mesmo para lhe dizer "Olha, não vás, fica mais um bocadinho"), apercebi-me de uma coisa. Será afinal a atracção um manhoso truque olfativo?
Senão reparem. O rapazinho era normalíssimo, mas naquele momento aos meus olhos era uma pessoa totalmente diferente.
Poderão as nossas relações futuras estar condiciondas por cheiros passados?
Será a nossa vida escrita com tinta com cheiro? Bons cheiros e maus cheiros?
Poderá um cheiro ficar para sempre associado a uma pessoa? A uma sensação? A um lugar? Ainda me lembro a que cheirava o meu externato, ali nas Pedralvas (Benfica -Lisboa). "Inaugurei", por assim dizer, o edifício, o externato abriu no ano em que eu entrei, e lembro-me de estar com 3 aninhos a subir as escadas do ginásio de mão dada com a educadora, para ir fazer a sesta a meio da tarde, e sentir o cheiro a tinta, a chão encerado, madeira.. A novo. Ainda hoje sei o que cheira ao externato, e o que não cheira. Foi algo que ficou entranhado em mim.
Portanto isso significa que, e voltando ao rapaz e à minha experiência olfativa no 767, que a nossa visão é alterada com o cheiro.
Isso assusta-me um bocado, tal era a realidade, na minha mente, do que estava a acontecer. Parecia mesmo que o rapaz era outro, que eu não estava ali no autocarro atulhado de gente em plena hora de ponta, que chovia como o caraças; mas sim noutro contexto, noutro lugar, com outra pessoa. Algo tão forte que abalou a minha existência durante uns minutos.
Será que a aquela química que existe entre duas pessoas é meramente química? Moléculas, hormonas, que chocam connosco, cujas interacções podem ser ou não do nosso agrado.
Será o nosso gosto demasiado selectivo?
Haverá um cheiro específico para cada pessoa, um perfume-gémeo que passamos a vida inteira à procura? Soa demasiado a spot publicitário que as perfumarias tentam impingir ao público, mas depois do meu momento olfativo-whatever já não sei.
Estarei eu destinada a ser perseguida por esse odor? Minimiza um bocado as probabilidades, os homens solteiros e bonitos já são poucos (digam-se heterosexuais), se ainda for esquisita com o perfume, fico mesmo para tia!
E visto que há várias pessoas que usam o mesmo perfume, como é que é? Não há mesmo critério, de todo? É ponham-se em fila? Fazemos uma orgia e não se fala mais nisso?
Perguntas, perguntas...
Só sei que aquele cheiro é demais para mim, entranha-se em mim como poucos, não sai. Trás recordações. Boas e más. Um cheiro viciante, que trás mágoa, alegria, e acima de tudo saudade. Saudade de rir, de uma boa conversa, de um sorriso aberto, de apoiar e ser apoiada, incondicionalmente. Da amizade assim grande, grande.
Já não sentia este cheiro à muito tempo, fez-me tanta falta nestes meses todos. Fiquei feliz por ter recordado, depois que a dor abandonou o peito e pude respirar fundo outra vez. Só é pena que o cheiro estivesse naquele rapaz. Tinha sido muito bom se afinal fosses mesmo tú.
Ia eu no 767, mais ou menos no Campo Grande, quando um rapaz se encosta a um canto, à minha frente. Podia passar totalmente despercebido, não era nenhum Johnny Depp, mas houve algo que me despertou a atenção: o perfume. Um cheiro familiar, que conheço de cor, que está associado a uma época da minha vida, um passado, alguém.
E foi nesse momento que me bateu, lá no fundo, dentro do peito, uma dor aguda, um sofrimento agonizante, uma enorme saudade. Saudade do cheiro e do que ele reprensentava para mim. Fechei os olhos e quase que o conseguia sentir ali. Raios parta o moço que se encharcou naquele maldito perfume! Fechei bem os olhos e quase que o podia tocar, vê-lo até. Como da última vez que nos vimos.
Admito que já não me lembro bem, mas naquele momento era tão claro, tão nítido. E por uns momentos, durante aqueles 5-10minutos do Campo Grande à Estrada da Luz (que foi onde ele saiu, ainda estive mesmo para lhe dizer "Olha, não vás, fica mais um bocadinho"), apercebi-me de uma coisa. Será afinal a atracção um manhoso truque olfativo?
Senão reparem. O rapazinho era normalíssimo, mas naquele momento aos meus olhos era uma pessoa totalmente diferente.
Poderão as nossas relações futuras estar condiciondas por cheiros passados?
Será a nossa vida escrita com tinta com cheiro? Bons cheiros e maus cheiros?
Poderá um cheiro ficar para sempre associado a uma pessoa? A uma sensação? A um lugar? Ainda me lembro a que cheirava o meu externato, ali nas Pedralvas (Benfica -Lisboa). "Inaugurei", por assim dizer, o edifício, o externato abriu no ano em que eu entrei, e lembro-me de estar com 3 aninhos a subir as escadas do ginásio de mão dada com a educadora, para ir fazer a sesta a meio da tarde, e sentir o cheiro a tinta, a chão encerado, madeira.. A novo. Ainda hoje sei o que cheira ao externato, e o que não cheira. Foi algo que ficou entranhado em mim.
Portanto isso significa que, e voltando ao rapaz e à minha experiência olfativa no 767, que a nossa visão é alterada com o cheiro.
Isso assusta-me um bocado, tal era a realidade, na minha mente, do que estava a acontecer. Parecia mesmo que o rapaz era outro, que eu não estava ali no autocarro atulhado de gente em plena hora de ponta, que chovia como o caraças; mas sim noutro contexto, noutro lugar, com outra pessoa. Algo tão forte que abalou a minha existência durante uns minutos.
Será que a aquela química que existe entre duas pessoas é meramente química? Moléculas, hormonas, que chocam connosco, cujas interacções podem ser ou não do nosso agrado.
Será o nosso gosto demasiado selectivo?
Haverá um cheiro específico para cada pessoa, um perfume-gémeo que passamos a vida inteira à procura? Soa demasiado a spot publicitário que as perfumarias tentam impingir ao público, mas depois do meu momento olfativo-whatever já não sei.
Estarei eu destinada a ser perseguida por esse odor? Minimiza um bocado as probabilidades, os homens solteiros e bonitos já são poucos (digam-se heterosexuais), se ainda for esquisita com o perfume, fico mesmo para tia!
E visto que há várias pessoas que usam o mesmo perfume, como é que é? Não há mesmo critério, de todo? É ponham-se em fila? Fazemos uma orgia e não se fala mais nisso?
Perguntas, perguntas...
Só sei que aquele cheiro é demais para mim, entranha-se em mim como poucos, não sai. Trás recordações. Boas e más. Um cheiro viciante, que trás mágoa, alegria, e acima de tudo saudade. Saudade de rir, de uma boa conversa, de um sorriso aberto, de apoiar e ser apoiada, incondicionalmente. Da amizade assim grande, grande.
Já não sentia este cheiro à muito tempo, fez-me tanta falta nestes meses todos. Fiquei feliz por ter recordado, depois que a dor abandonou o peito e pude respirar fundo outra vez. Só é pena que o cheiro estivesse naquele rapaz. Tinha sido muito bom se afinal fosses mesmo tú.
8 comentários:
Muito bonito, Isabel. Identifico-me imenso contigo neste post e tb no da Mafalda Veiga. Embora ela não seja de longe uma das cantoras que mais admiro, existem musicas q provocam esse efeito em mim, e me transportam para uma fase da minha vida, para um sítio específico onde essa música fez historia, q me levam até alguém em concreto de quem essa musica me lembra. Ja sou saudosista por natureza, e então com a música, por vezes sou levada até às lágrimas. O mesmo se passa com o cheiro, há pessoas que têm mesmo um cheiro muito característico e sou capaz de passar pelo joaquim e ficar transtornada e nostálgica porque ele me cheira a Flausino (inventei estes nomes à pressão, mas decerto percebes o q quero dizer). Posso recordar com precisão na minha mente o cheiro da minha antiga casa, o cheiro da minha escola primária... enfim, no dia-a-dia secalhar somos capazes de dar muito pouco valor a estes sentidos, mas eles associam-se a pessoas, a sítios e a alturas, e despegá-los dessas situações é complicado. Como eu te entendo.
P.S.- Esse tal perfume que tanto te marca é o Davidoff? Esse a mim mata-me!
O Meu namorado cheira a Davidoff oh sninfadora de meia tijela =P *
A minha irmã aprendeu a escrever! Oh i'm so proud!!!! Tivesse pelo meio alguma piada sobre o Marques Mendes e eu até dizia que o texto era meu! Que orgulho! O técnico não a corrompeu aos algaritmos, há futuro nas palavras! (palmas e confetis)
Não é Davidoff, é Calvin Klein. Mas sim, é a mesma coisa.. Sensação estranha não achas?...
Fia Fia... Póneis e conffettis, o Técnico não me fez ficar nerd!!! =)))
Venho eu aqui ao blog ver se há novidades desde há 6 horas atrás, e eis senão quando me deparo com 5 comentários a um post que há pouco apenas tinha 1! Mas que concorridas andam as manas Paixão, pensei cá com os meus botões... mas afinal não, elas comentam os seus próprios posts =P Sofia, nc reparei que o teu namorado cheirava a Davidoff, como é que é possivel? Como é que eu nao lhe saltei para cima? nao sei se paraa proxima aguento =PPPP (TOU A BRINCAR). Quanto a ti Isabel, fico a espera da nossa voltinha pela FDL...;) Bj**
Wow... a Sofia a dizer que a mana aprendeu a escrever e não foi "corrompida a algaritmos" o que quer que isso seja... apesar d ela aparentmente continuar com uma fome danada e continuar a comer letras á parva em tudo o que escreve... =D=D mto bom mmo... =P
Oi.Dei com este blog por acaso, e achei(vá se lá saber porkê)que devia fazer um comentáriozito(espero que não leves a mal ;o).Fora uma ou outra frase menos conseguida o post está muito bom, quanto à suposição que fizeste da atracção/paixão poder não ser mais do que reacções químicas a certos cheiros, já li algures que isso está mesmo provado científicamente, existindo muitos casos na natureza(naqueles rituais de acasalamento e cenas assim que certos bixos fazem) que o comprovam, tanto que se verificou que o mesmo cheiro pode chegar ao extremo de ter um efeito excitante numa pessoa e repugnante noutra, contribuindo para isso um conjunto de factores bastante diverso, que abrange desde o seu "código genético" até á cultura...
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